domingo, 8 de março de 2015

Literatura Feminista: divertido e faz bem!


Feliz Dia Internacional da Mulher!

Essa semana meu marido me falou, brincando, que ele achava ótimo que havia um Dia Internacional da Mulher, mas que ele queria um Dia Internacional dos Homens também! (Que eu informei a ele, depois de pesquisar, que existe e é dia 19 de Novembro). Mas o que eu respondi na hora, também brincando, foi “Por séculos e séculos o dia era só do homem, a gente não tinha dia nenhum, então quando tivermos séculos e séculos de Dia da Mulher a gente conversa, tá bom?” "Tá bom!", ele me respondeu, e a gente riu.

Mas essa brincadeira me fez pensar em como a evolução dos direitos e igualdades das mulheres vem se desenvolvendo a olhos nus, e como isso influenciou – e continua influenciando – os livros que a gente ama ler. Pensei, então, em três momentos distintos deste desenvolvimento na minha vida. Achei tantos livros legais neste repertório que resolvi dividir com vocês 3 recomendações de livros para cada momento (com bastante atenção ao fato de que eu não sou pesquisadora de gênero e nem especialista o assunto, tá gente?).

1º Momento: Feministas da Minha Infância e Juventude.

Eu cresci em uma casa onde a minha mãe não trabalhava para cuidar das suas três filhas – mas isso não significou que eu tive um modelo antiquado de mulher. Minha mãe sempre foi feminista, tanto em ações quanto em palavras. Livros sempre foram abundantes lá em casa, e não é para menos que a escolha de literatura orientada pela minha mãe fosse da mesma forma. Estes livros, apesar de não serem explicitamente feministas, protagonizam mulheres que quebraram padrões e estereótipos para a sua época. Uma mensagem em cada um dos livros ficou muito clara para mim: mulheres podem e devem desafiar a sua sociedade, a sua família e o seu destino em nome da sua felicidade. E não é isso que toda menina precisa ouvir?


Orgulho e Preconceito, de Jane Austen
Jane Austen foi, para a sua época (começo de 1800) uma desafiadora das regras da sociedade. Orgulho e Preconceito, por exemplo, foi lançado com a autoria de “uma mulher”, ao invés de ser no seu nome, tamanha era a estranheza de uma mulher publicar um livro. Elizabeth Bennet é a protagonista aqui, e ela é formidável até para os nossos padrões. Ela é uma mulher cheia de opiniões, e que não se acanha em expressá-las por medo de não ser boazinha. Em uma sociedade patriarcal, ela deixa bem claro que vai fazer só o que quiser.

Mulherzinhas, de Louisa May Alcott.
Mulherzinhas é um livro que também foi lançado no século 19, em 1868. Ele conta a estória das irmãs March, quatro meninas filhas de um pai heroico e uma mãe extremamente virtuosa. Uma boa educação – no sentido acadêmico e de valores pessoais, mas não no sentido de conformidade social – é a coisa mais valorizada nesta família. Jo, uma das personagens mais memoráveis (e um tanto auto-biográfica para a autora) luta para ser escritora, deixa de casar para seguir seus objetivos, e é uma feminista de mão cheia.

I Know Why The Caged Bird Sings, de Maya Angelou
Desculpem meus queridos leitores que não falam inglês, mas estou estupefata que esse livro não tem tradução para o Português e não quis tirá-lo da lista! Este é um livro também autobiográfico e conta a história de vida de Maya Angelou até os 16 anos de idade, incluindo o abuso sexual que sofreu. É um livro forte, mas que me ensinou – nas palavras da própria diva imortal, que “Você pode encontrar muitas derrotas, mas você não deve ser derrotado”.


2º Momento: Reafirmando a Feminista Jovem Adulta dentro de mim

Saindo da adolescência e entrando na vida adulta, eu precisei de reforços para me lembrar o que eu podia e não podia fazer. É triste gente, mas ainda tem muitas mensagens sutis na nossa sociedade que dizem – subliminarmente – que nós mulheres precisamos de homens para ser alguém; e que amor, casamento e filhos devem ser o nosso principal foco. Esses livros me ajudaram a lembrar que eu posso tudo!


Graceling, de Kristin Cashore (assim como os subsequentes Fogo e Bitterblue)
Katsa é uma Lady como nenhuma outra, porque o seu dom é matar. Ela é uma personagem forte e que deixa claro desde o princípio da estória que não quer casar ou ter filhos. Ela se salva da tirania à que é submetida, ajuda seu reino a encontrar a paz, e descobre o amor, ganhando um protagonista à sua altura. Ele me lembrou que amor é importante, mas não resume uma mulher

Estilhaça- me, de Tahereh Mafi (e toda a série)
Essa é uma estória poderosa sobre autodescoberta, auto-perdão, e auto-empoderamento. Com ela eu me lembrei que eu tenho que me aceitar como sou, que eu não preciso ser perfeita, e que a pessoa que eu escolher para estar do meu lado tem que compreender isso também.

Sombra e Ossos, de Leigh Bardugo (e toda a trilogia Grisha)
Me lembrou que só eu posso me enfraquecer. Porque negar o poder dentro de mim, por qualquer razão que seja, é uma auto-sabotagem e um desserviço à humanidade!


3º Momento: Feministas do Futuro

Na minha opinião, uma das coisas mais importantes sobre feminismo à se ensinar meninas (e meninos) hoje em dia é a serem elas mesmas e não se prenderem à nenhuma conformidade – seja uma conformidade patriarcal ou feminista. Aqui estão alguns livros em português que, apesar de eu ainda não ter lido nenhum, relatam esta liberdade muito bem.



Fale, de Laurie Halse Anderson
Uma obra de Ficção Contemporânea formidável porque fala da importância de não se calar perante aquilo que eu vejo estar de errado no meu mundo, enfrentando as consequências. Ela diz em alto em bom som que eu (e as minhas convicções) sou mais importante do que o que as pessoas pensam de mim.

Não sou este tipo de garota: A linha entre o certo e o errado foi distorcida, de Siobhan Vivian (E outros livros da autora)
O que é certo e errado para uma garota? Quem tem estas respostas? Este livro super legal sobre uma garota certinha que tenta encontrar o seu lugar no mundo vai propor estas perguntas, e muitas outras. E será que elas têm respostas?

Alma? (O Protetorado da Sombrinha, Livro 1), de  Gail Carriger (assim como os subsequentes Metamorfose? e Inocência?)
Neste livro de Steampunk (se passa na era vitoriana) misturado com Fantasia merece um lugar aqui porque, além de divertido, ele representa a mulher de hoje – em uma palavra: complexa! Neste livro muito original, cheio de vampiros e outros seres sobrenaturais, Alexia (nossa protagonista) trilha o próprio caminho.

Espero que este tenha sido um bom presente de Dia das Mulheres para todos vocês! Querem me dar um presente? Me contem quais livros já leram, quais querem ler, quais vocês recomendam pra mim, e o que mais quiserem aqui nos comentários!

Quer mais? Aqui estão duas fontes bem interessantes de informações sobre literatura feminista, uma em Português e outra em Inglês:
Inglês: Book Riot 

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